Sendo este um concelho com muitos séculos de história, habitado desde tempos pré-históricos e organizado como comunidade desde período anterior à própria fundação da nacionalidade, a freguesia da Póvoa de Lanhoso é – se tivermos em conta que as atuais “uniões de freguesias” apenas serviram para juntar administrativamente circunscrições multiseculares – a mais jovem freguesia povoense.
A fundação desta freguesia seguiu-se à da paróquia de Nossa Senhora do Amparo, que teve lugar por provisão do arcebispo bracarense D. Manuel Vieira de Matos, em 17 de março de 1925. Cinco anos depois da criação da paróquia, requerida ao então arcebispo de Braga por um grupo de cidadãos da vila da Póvoa à frente dos quais se encontrava o grande benemérito António Ferreira Lopes, foi criada, com a mesma exata área administrativa, a freguesia civil. Deu-lhe vida o decreto número 18.868, datado de 23 de julho de 1930 e subscrito por todos os ministros e outorgado pelo então presidente da República, António Óscar de Fragoso Carmona.
Eram muito breves os considerandos que levavam a tal ato: em primeiro lugar, preambulava-se que sendo a vila da Póvoa de Lanhoso sede do concelho e da comarca do mesmo nome, não estava constituída como freguesia, encontrando-se, antes, integrada nas de Fontarcada e Lanhoso; e, em segundo, que excedendo o território que passaria a constituí-la o número mínimo de habitantes determinado pelo artigo 3º da lei no 621, de 23 de junho de 1916 para tais atos, mantinham, ainda assim, as já invocadas duas freguesias às quais a área desta era retirada, todas as condições para continuarem a sê-lo nos termos dos decretos 12.740, de 26 de novembro de 1916 e 15.331 de 9 de abril de 1928. Criava-se, assim, uma nova freguesia, sem se extinguir nenhuma das vizinhas. Dava-se vida a uma nova circunscrição administrativa, que se assumiria como freguesia sede do concelho, mantendo-se nas mesmas condições as históricas Lanhoso e Fontarcada.
Houve algumas reações, como existem sempre que se inova. Mas não deixa de ser curioso que na génese da nova freguesia tenham estado as elites de ambas as freguesias que perdiam algum do seu território para a nova, sendo que o primeiro presidente da nova junta saiu da de Lanhoso para gerir esta última nos seus primeiros tempos.
Em termos locais e em síntese, a criação veio dar forma a uma área administrativa que, sendo há muitas centúrias sede do concelho, obedecia a duas freguesias distintas, as já invocadas Lanhoso e Fontarcada. Dezenas de povoenses a serviram desde então, tendo sido seu primeiro presidente António Joaquim de Carvalho, que morava no Horto, na casa que depois pertenceu à família do Padre Manuel Dias; e primeiro regedor António Carlos da Silva, o “Labita”, que teve café e salão de barbearia no centro da vila.
José Abílio Coelho
© 2024 Junta de Freguesia de Póvoa de Lanhoso. Todos os direitos reservados | Termos e Condições